segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

CARNAVAL E SEUS MISTÉRIOS

Devaneios sobre o Carnaval de Salvador
Por Aramis

Muitos mistérios rondam o Carnaval de Salvador. Qualquer um de nós pode ser vítima dos eventos inexplicáveis que se propagam neste período. Por exemplo, algumas redes de televisão locais insistem em esconder informações importantes, como números reais da violência na cidade. Festejam o sucesso do tradicional Circuito Osmar do Carnaval (Campo Grande), quando o que se vê na verdade são arquibancadas vazias e os blocos desfilando para um público menor a cada ano. Diferente do circuito Dodô (Barra/ Ondina) cada vez mais cheio, mais violento, menos estruturado e menos assistido pelas lideranças locais.
Sobre o circuito do Campo Grande, grande também foi a decepção do Rei Momo, Pepeu Gomes, ao se apresentar no final do desfile da sexta-feira, segundo dia de Carnaval para as ruas praticamente vazias. Isso não foi noticiado e acredito que a imprensa local jamais questionará o porquê do Rei Momo (junto aos Novos Baianos) fechar o desfile dos trios elétricos e não abri-lo? A abertura oficial do Carnaval na quinta-feira foi feita por ele, mas as ruas no primeiro dia de Carnaval também não têm um público tão grande.

Informações importantes referentes à chegada dos turistas e sua participação financeira no período do Carnaval de nossa cidade, limitam-se à fracas matérias televisivas que não aprofundam-se no tema e que se fossem reprises de anos anteriores não fariam a mínima diferença. Ninguém perceberia.

Mas, nem tudo está perdido! Medidas de segurança enfim foram tomadas, como aumento das câmeras nas ruas, mas fica, infelizmente, a dúvida: operadores para estas câmeras foram preparadas a tempo? Outra coisa BACANA é que o prefeito este ano não cometeu a gafe de carnavais passados, quando declarou ter sido obrigado a utilizar verbas destinadas à compra de merenda escolar e remédios para financiar o Carnaval. Ah, dia 08 de fevereiro até o vi no Farol da Barra falando sobre as mudanças feitas do Carnaval do ano passado para este ano. Tomei um susto ao vê-lo caminhando de um lado a outro da rua. Não lembrava mais que durante o Carnaval ele aparece, já o resto do ano...

O que fica de realmente bom, mesmo sendo um mistério, é que nosso povo continua o mesmo. Sorridente nos momentos de dificuldade e aguerrido como sempre. Disposto a superar as dificuldades, batalhador e assim mesmo alegre. Que não resiste às batidas fortes dos tambores e ao brilho das estrelas do axé.
Para comprovar isso tudo, até por que já desisti de desvendar os mistérios do Carnaval de Salvador, gostaria de relatar que tive a oportunidade de dialogar rapidamente com um grupo de cordeiras de bloco. Eram 8 mulheres que seguiam juntas para trabalhar no circuito da Barra, segurando a corda de um famoso bloco carnavalesco. Uma delas relatou, em poucas palavras, o sentimento que com toda a certeza, permeia o coração da maioria dos cordeiros. Ela disse o seguinte: “Sozinha eu não iria. Só vou porque uma vai chamando a outra e quando agente vê, tem um monte de pessoas que se conhecem trabalhando juntas. Dá pra uma proteger a outra e todas curtem o Carnaval. É por isso que nós vamos, mais pra curtir que pelo dinheiro. O dinheiro é pouco, mas a curtição é muita”.