terça-feira, 30 de março de 2010

HOMOSSEXUALIDADE - JÁ PRA FORA DO ARMÁRIO


Pra que tanto alarde em torno da revelação do Ricky Martin? Em minha visão sobre o "outing", acho que se ele tivesse começado sua carreira já assumidamente gay ou mesmo revelado há alguns anos atrás, talvez mesmo quando iniciou este questionamento, o fato não seria tão comentado assim. Mas quem sou eu – NÓS – para determinar o melhor ou pior momento para que alguém saia do armário? Pergunto também, isso é obrigatório?

Tudo bem que cada caso é um caso. A situação do Ricky é delicada por ele ser uma pessoa pública e em muitos casos, as conseqüências de se assumir homossexual podem trazer grandes soluções, mas também grandes problemas.

Assumir-se homossexual é um ato de coragem e isso causa grandes impactos sim, não dá pra negar. Pessoas públicas assumindo-se gay têm como benefício é o fim desta perseguição, do será que ele é? Tudo passa a menos interessante do que no período em que se tem algo "escondido". Como no caso do cantor George Michael. Mas para alguns, como no mundo do cinema e da teledramaturgia, assumir-se gay é como abrir mão de uma carreira de sucesso e limitar-se a personagens que não os principais. Prova disso são os relatos de atores que se assumiram e hoje vivem situações parecidas ou iguais a esta. Para as grandes redes e produtoras alguém assumidamente homossexual não conseguirá convencer num papel de galã.

Em áreas como o esporte, por exemplo, no Brasil isso é impossível. Vivemos num país preconceituoso que não admite que seu ídolo esportivo seja gay – ou bissexual – e o hostiliza mesmo sendo um dos mais consagrados em sua modalidade. Um bom caso a ser citado é o do futebolista Richarlysson. Ninguém sabe se o rapaz é mesmo gay e em torno dele cria-se um clima que une questionamentos e hostilidades. A mais clara manifestação do preconceito, é quando ele, uma pessoa que nem mesmo se sabe se é ou não homossexual, é tratada de forma hostil. Só para pontuar, mesmo quem se assume gay em qualquer situação e ambiente que viva, jamais deve ser destratada ou agredida.

Ser gay não é doença, não é crime, não é opção. Se nasce na condição de homossexual, da mesma forma como se nasce na condição de heterossexual. É necessário criar políticas de conscientização para que se compreenda isso e a sociedade perceba que a homossexualidade é algo natural do ser humano. O que se deve ser observado é o caráter da pessoa, independente de sua sexualidade. Se isso fosse levado mais a sério, hoje o brasileiro não estaria passando por tantas decepções em torno da política de nosso país.

quarta-feira, 17 de março de 2010

PARA DESCONTRAIR…

Uma brincadeira, vários nomes
As várias formas de chamar aquela brincadeirinha entre sua mão e seu melhor amigo

*Espancar a cobra zarolha
*Esganar o patife
*Descabelar o palhaço
*Jogar um cinco-contra-um
*Debulhar a espiga
*Descascar o palmito/ a banana
*Jogar um bilhar de bolso
*Espancar o macaco
*Engravidar barata
*Ordenhar cobra
*Depenar sabiá

(Fonte: Revista Man'sHealth Ed.10, Fevereiro de 2008)

terça-feira, 16 de março de 2010

Mudanças à vista
por Aramis

Neste último domingo, às 21h, devido minha falta de atenção, fui parar na Estação Mussurunga. Voltava da casa de uma amiga, onde passei uma tarde agradabilíssima. Almoçamos juntos ela, eu e mais três amigos. Enquanto aguardava a chegada do ônibus para o meu bairro natal, percebi uma “invasão” no terminal. Juro! Eram mais de 50 rapazes, todos gays. Idades diferentes (apesar de prevalecerem os mais novos – 13/ 14 anos) em pontos diferentes da estação. Percebi que as pessoas olhavam meio estranho, mas nada comentavam. Alguns acotovelavam a pessoa ao lado e perguntavam “tá vendo?”. Até aí tudo bem, se até eu que sou gay achei estranho, pense os demais? Não lembrava de nenhum evento declaradamente Gay na cidade marcado para aquele dia, “mas acho que devem estar vindo da praia”, pensei, porém não percebi areia grudada na perna de ninguém...
Poucos minutos bastaram para que muitos começassem a “causar” em plena estação. Alguns gritavam, outros corriam com “as amigas”. Outros, um pouco mais discretos, caminhavam em busca de um lugar mais adequado para conversarem com o carinha com quem trocara olhares. Alguns mais comportadas apenas olhavam e comentavam entre si.
Eis que o inesperado acontece (inesperado?). Dois meninos bastante jovens, que estavam entre os que gritavam e corriam na estação, se beijavam abertamente. Na verdade eu nem vi quando começaram. Notei que duas meninas sentadas na calçada riam muito, ao tentar descobrir o motivo do riso, entendi o que ocorria.
Eu estava tão desligado do mundo apenas olhando o relógio que só vim perceber o que se passava muito tempo depois. Três mulheres atrás de mim protagonizaram o momento mais patético/ triste/ ignorante/ preconceituoso da noite. Duas haviam visto e apontavam para a outra que falou: “Vixe, é o fim dos tempos! Nem quero ver...”. Uma delas exclamou: “Ih, tá beijando mesmo!”, e a profética que não queria ver, pediu seus óculos em seguida para ver aquele “absurdo”.
Na fila, em minha frente, estava um rapaz de aparência simples que comentou: “Não vejo nada demais neles serem gays. O problema é a falta de respeito com quem está por perto. Homem beijando mulher em locais públicos também está errado”. Mesmo não concordando 100% com o rapaz, suas palavras foram muito mais sábias da noite.
Tudo isso nos mostra que o perfil do homossexual baiano vem sofrendo algum tipo de mudança. Ainda não posso afirmar nada, levando em consideração que, para isso, é preciso um estudo bastante aprofundado. Este “fenômeno” que aponta para uma mudança do perfil do homossexual, da família e da sociedade numa visão mais ampla, merece sim ser analisado. Acredito que em outros tempo, estes dois já teria sido espancados por algum homofóbico mais exaltado e a pessoa que vos escreve estaria emendando este texto com a narrativa do testemunho na delegacia.